O Começo
O principio das minhas viagens deu-se a 22 de Julho de 1978, algures entre as 5 e as 6 da tarde, entre o interior do corpo da minha mãe, que me albergou durante 9 meses, e o exterior do resto do mundo que me albergara até ao final. Tive vários nomes durante a minha existência aquática dentro do útero: Filipa, Sancha, Sofia, Sara, mas quando eu nasci a minha mãe achou que eu tinha cara de Joana, Joana Sara. Os sobrenomes são os carimbos que contestam a minha herança genética: Santos, da minha mãe e avô paterno que nunca cheguei a conhecer, mas de quem desconfio herdar mais do que o sobrenome (a alma de viajante ?), e Prestes de um Governador das Índias ou do Brasil do tempo das Descobertas (assim gosto de pensar, também porque e um sobrenome menos comum) que ramificações mais tarde deu os frutos que compõem a àrvore familiar paterna. Oliveira, também apelido paterno. Joana Sara Santos Prestes de Oliveira, eis o meu nome e nomes são nomes, quer se goste ou não deles. Importantes por conterem os sonhos projectados em ti por quem tos atribuiu e porque permitem que saibas que se dirigem a ti quando te chamam.
Qualquer pessoa que me conheça sabe que eu me questiono frequentemente. A minha mãe, comprou-me um livro quando eu tinha três anos com respostas a 500 porquês desde o porquê das trovoadas ao porquê das ondas do mar, mas eu estava mais interessada em passar ao próximo porquê do que na resposta em si. Parece-me mais interessante o processo de descoberta do que as respostas conclusivas, as respostas que encerram as questões, como quando uma folha cai da àrvore e não lhe pertence mais, ou quando se dá um presente. As acções não terminam pelo simples facto de se terminarem as tarefas que as induziram, as coisas tem continuidade, assim como quando se obtem uma resposta a uma questão, outras questões nascem, quando uma folha de àrvore cai no chão um processo de decomposição começa, ou quando se dá um presente, a satisfação de quem o recebe e a continuidade da amizade. E dentro do amaranhado precioso que é o meu cérebro (ou o único lugar a que eu posso verdadeiramente chamar casa – como disse um dia Bob Marley) vao-se formando os porquês sobre quem eu sou, o que quero, para onde vou, que nunca terão resposta, mas a procura das mesmas fazem parte do conjunto de movimentos que formam as minhas viagens.
Uma viagem geográfica que me obrigou a sair da redoma em que vivi durante 23 anos foi a minha vinda para Inglaterra há 6 anos atrás, consequência do panorama desertico da paisagem laboral Portuguesa, ao qual ironicamente agradeço agora. Tenho a sensação de que teria sido muito mais difícil (nao impossível) ter viajado tudo aquilo que já viajei, mas sobretudo sonhar as minhas viagens para serem mais do que meras férias em destinos exóticos. Inglaterra permitiu-me, entre muitas coisas a distância necessária para conseguir escutar a voz interior que me chama para o Mundo. Permitiu-me conhecer pessoas como eu que fazem das viagens uma forma de vida, permitiu-me ver uma amostra concentrada de Mundo na sua diversidade humana - já experiementaram andar num autocarro Londrino e contar as nacionalidades dos seus viajantes? E sobretudo, e mais importante, abriu uma caixa cheia de novos porquês. O porquê da injsutiça, da globalização, da pobreza, do modo de vida do mundo ocidental…ah, tantos e tantos porquês que brotam a cada dia que passa. E tantos livros para ler, tantas música para ouvir, tanta gente para conhecer, tanto mundo para viajar, TANTA COISA PARA SENTIR!!!!!
Reino Unido, Londres, 4 de Novembro 2007
Joana Oliveira
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